domingo, 19 de maio de 2013

4° Distrito: A região esquecida que promete ser, novamente, protagonista na cidade


Fernando Cunha



Uma das principais regiões de desenvolvimento econômico de Porto Alegre, o 4º Distrito (formado pelos bairros Floresta, São Geraldo, Navegantes, Anchieta, São João, IAPI, Passo D''Areia, Humaitá e Farrapos) vem, ao longo dos anos, perdendo o seu status.

O ápice do desenvolvimento ocorreu entre o final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970, com grandes redes comerciais instaladas na região, que se desenvolveu, inicialmente, graças à proximidade do Guaíba e da antiga linha férrea. O trem que circulava ali e a proximidade com os barcos no cais possibilitavam o abastecimento de mercadoria para os armazéns. Depois, mais ao Norte, pelo então Caminho Novo (hoje Voluntários da Pátria) essa mesma plataforma logística permitia o escoamento da produção industrial instalada na região. No entanto, a falta de planejamento urbano, que manteria o crescimento do polo comercial e de serviços, provocou o esvaziamento em alguns bairros.

Condenado a abrigar depósitos, algumas pequenas e médias indústrias e uma infinidade de prédios em precárias condições ou completamente abandonados, o 4º Distrito caiu no esquecimento do poder público e, por consequência, dos investimentos.

O abandono é mais visível nos bairros Floresta e São Geraldo, onde há maior número de prédios residenciais e comerciais em precária situação. A deterioração dos imóveis transformou o 4º Distrito em uma espécie de "zona velha" da cidade. E são esses prédios que servem de abrigo, durante as madrugadas, para autores de pequenos delitos e usuários de drogas. Segundo os moradores, a Rua do Parque, no bairro São Geraldo, por exemplo, se transforma em "cracolândia" quando chega a noite.

Na tentativa de alterar este perfil, após décadas, a área promete ganhar um papel de protagonista no crescimento da cidade a partir de planos de revitalização da Prefeitura de Porto Alegre, que promete devolver a vida ao 4º Distrito antes da Copa do Mundo de 2014 e projetos privados.

De acordo com a moradora Jane Varella, do bairro São Geraldo, a região está abandona pelo poder público. “Estamos totalmente jogados às traças. Não temos lixeiras nas ruas, calçadas quebradas, iluminação quase zero, sem policiamento nenhum. O capim das ruas está tomando conta das calçadas, bocas de lobos entupidas. As telas da praça estão arrebentadas, mas isso por conta da educação do povo. Nosso bairro não possui um jardim sequer”.

Carlos Alexandre Tanski, moradores e comerciante da região há 15 anos parte da mesma idéia de Jane. “Não esta visível à sociedade nada no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida da população. Escolas em péssimo estado de conservação, ruas com conservação pavorosa, praças, então, não sabem o que é tinta ou poda”.

Segundo Tanski, moradores e comerciantes da região veem com muita expectativa as mudanças que podem ocorrer, mas ainda são muito insignificantes para realmente modificar a situação. “Observamos um estado ainda muito moroso e apenas sensível a situações de interesse comercial limitado a poucos”.  O comerciante aproveita para alertar sobre a segurança: “Apesar de toda dedicação dos profissionais de segurança que circulam em nossa região, a quantidade é insuficiente para cobrir a demanda. 2013 tem sido o ano do São Geraldo na mídia, assaltos e delitos de todo o tipo, assalto a banco com reféns (Esquina Presidente Roosevelt com São Pedro), assaltante em fuga baleado por cidadão na rua em horário comercial, vindo a óbito, furtos de veículos (um dos maiores índices da capital), entre outros”.

Revitalização

Na região do 4° Distrito existe o Grupo de Trabalho (GT) criado pela Secretaria Municipal do Planejamento (atual Secretaria Municipal de Urbanismo – SMURB) por solicitação da própria comunidade. Tem o objetivo de formular diretrizes, projetos e programas que contribuam para qualificar o espaço urbano de forma ordenada e planejada, buscando o desenvolvimento sustentável da região e melhoria da qualidade de vida.

O GT 4° Distrito vem realizando estudos que englobam a área que vai da Estação Rodoviária, seguindo pela Rua Voluntários da Pátria, um eixo estruturador com grande potencial de renovação, até o Bairro Humaitá, onde se localiza a Arena do Grêmio.

A região recebeu alguns investimentos públicos como o conduto Álvaro Chaves, o Projeto Integrado Entrada da Cidade – Piec, o prolongamento e duplicação da rua Voluntários da Pátria, a duplicação da Dona Teodora, o Viaduto Leonel Brizola e o projeto para conexão do anel viário da BR 448, chamada de Rodovia do Parque, com a BR 290, a Free-Way.

Também há ações do setor privado na região, como empreendimentos residenciais no bairro Humaitá (junto ao Parque Mascarenhas de Morais), no bairro São Geraldo (Avenida Polônia), no bairro Navegantes (Rua Comendador Tavares) e o Projeto Fiateci Vonpar.

A Rua Voluntários da Pátria está sendo duplicada (trecho entre a Rodoviária e a Ponte do Guaíba) e uma das propostas do GT 4º Distrito é a reciclagem de uso de prédios (inventariados e listados como de interesse cultural) existentes ao longo da via adaptando-os para uso residencial e/ou comercial. O projeto urbanístico está sendo elaborado por um grupo intersecretarias, com a coordenação do GT 4º Distrito, em parceria com a Secopa, contemplando projetos de paisagismo, viário, cicloviário, acessibilidade, infraestrutura, iluminação, mobiliário urbano e preservação do patrimônio cultural. O projeto urbanístico.

O GT 4º Distrito atua com a participação da Secopa, Smam, SMC, EPTC, Smov, DMLU, Dmae, DEP e SMGAE.

O 4° Distrito tem uma localização estratégica, fica a poucos minutos do Centro Histórico, da Rodoviária e do Aeroporto, além da entrada e saída da cidade. Esperamos que todas as promessas e projetos se tornem realidade e que a região volte a ter papel de destaque na Capital.

Projeto Vila Flores

Antes e depois
Criado em 2011, o Projeto Vila Flores, busca valorizar o patrimônio histórico. São dois prédios que formam o conjunto arquitetônico, projetado em 1928 pelo arquiteto Joseph Franz Seraph Lutzenberger, na esquina das ruas Hoffmann e São Carlos, no bairro Floresta.
O complexo arquitetônico da década de 20 foi morada de operários na época da industrialização da cidade e hoje em fase de restauração pretende abrigar um centro de cultura fomentando economia criativa do 4º distrito.

Haverá salas comerciais para escritórios, coletivos e profissionais autônomos com uma rede colaborativa de trabalho. Também terá uma parte residencial temporária, onde será possível se hospedar por um curto prazo de tempo. No terreno, a ideia é que seja uma extensão da rua e no pátio haverá um galpão voltado para uso cultural.

A intenção é dar vida ao espaço devolvendo-o para a cidade com um uso funcional, criativo e contemporâneo. O projeto de adequação é realizado pela empresa Goma Oficina, de São Paulo, e tem como parceiros a Oficina Conceito Arquitetura (RS), o Projeto Vizinhança (RS) e a Casa da Cultura Digital Porto Alegre (RS).

Projeto Fiateci Vonpar


Rossi e Tedesco estão realizando um grande empreendimento no quarteirão da Fiateci, no bairro Navegantes, 4º Distrito de Porto Alegre, adquirido pela Vonpar.

A região está incluída nas denominadas Áreas de Interesse Cultural, que possuem restrições enormes no que diz respeito a novas construções.

O terreno tem 31 mil m2. Nele serão erguidas quatro residenciais com 560 apartamentos (18 andares cada), além de UMA torre comercial com 150 escritórios (16 andares), mais um supermercado e um open mall (shopping a céu aberto) com 290 pequenas lojas.

O diretor regional da Rossi, Gustavo Kosnitzer destacou o significado do empreendimento para o 4º Distrito. “Ficamos muito felizes em ver que uma das mais importante região industrial da nossa cidade, na década de 60, agora começa a ser revitalizado”. Disse que, ao empreendimento, soma-se uma série de obras que modernizarão todo o bairro e seu entorno. “Parcerias público privadas têm sido mola propulsora de modernização para toda a cidade”.

O empreendimento diferencia-se por estar muito bem localizado e inclui os bairros Floresta, Navegantes, São Geraldo e São João. Próximo ao Moinhos de Vento, do centro da cidade e de bairros residenciais, o lugar conta com vista para o Guaíba.

O Projeto promete inaugurar uma nova etapa na história arquitetônica da região.

Nenhum comentário: